Esta é, para mim, umas das ferramentas mais importantes e a que foi mais difícil de entender e aplicar em minha vida. Desligar-me emocionalmente do meu familiar adicto é me despir de todos os meus preconceitos e pré-conceitos que fui anexando ao meu modo de pensar e de viver e que foram se enraizando dentro de mim.

Desligar-me é me permitir ter limites, é permitir ter liberdade, direitos, ser feliz, pois agora tenho opções, escolhas e não só obrigações. É compreender, é ter compaixão, é saber que a minha felicidade não depende de terceiros, do bem- estar do adicto, do patrão, do vizinho. Minha felicidade está sob o meu controle, em minhas mãos.

Quando me desligo emocionalmente de meu familiar adicto coloco o seu problema como sendo somente dele e permito analisar as minhas atitudes de forma mais clara, racional e pura. Desligando-me do meu emocional passo a praticar em minha vida o Lema Pense.

Agora foco meu familiar com um olhar que me permite ver tudo que está a minha volta com uma nova concepção, um novo horizonte. Vejo-o como portador de uma doença e não mais como um pobre coitado ou um ser cheio de falhas de caráter, desonesto, imoral, amoral. Com o Desligamento Emocional, sentimentos negativos como raiva, frustrações, autopiedade e controle desapareceram e ficou em mim a certeza de que não sou mais responsável pelos atos do adicto, que não tenho culpa por sua doença, que não tenho o poder de curar sua insanidade e que preciso me preocupar com a minha sanidade e buscar minha recuperação, para que eu possa saber julgar se minhas atitudes são de facilitação ou de manipulação minha ou dele.

Começo a dar para mim oportunidades para minha recuperação e que o outro tenha a chance de procurar a dele, pois permito que o outro dirija a sua própria vida, que seja responsável por seus atos arcando com as consequências deles. Ao me desligar emocionalmente alcanço a Serenidade, Coragem e Sabedoria. Desligar-me é conseguir o verdadeiro Amor por mim mesmo e pelo outro. Desligar-me é encontrar a liberdade. Desligar-me é exercer o amor verdadeiro, o amor incondicional, não impondo condições. Desligar-me emocionalmente do adicto não é deixar de se importar com ele, não é deixar de amá-lo nem ser cruel.

Hoje pratico o Lema Viva e deixe viver, dando ao outro a liberdade de escolha e de assumir seu lugar no mundo, aprendendo com os erros e fortalecendo-se com os acertos.

Desligar-me do adicto é vê-lo como um ser humano com qualidades e falhas assim como eu. Desligar-me é desatar os nós e me desprender, é soltar minhas asas para que junto com o outro, se ele quiser, aprendamos a voar.